quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Liderança e Poder

CÓDIGO

"Para me punir por meu desprezo pela autoridade,
o destino fez de mim mesmo uma autoridade."
Albert Einsten


Poder
Liderança e Poder não são a mesma coisa. Mas são duas coisas que se entrelaçam em muitos pontos.
Poder é a capacidade de garantir o resultado que se deseja e de impedir outro resultado, que não se deseja. A pessoa com poder modifica o comportamento dos outros, o que não deixa de ser uma forma de manipulação.
No nosso país - e na maioria das outras democracias o poder tem tal má fama, que muita gente boa se convence de que não quer ter nada a ver com ele. Na realidade, não se pode abjurar o poder: pais tem poder, da mesma forma que professores, policiais supervisores, executivos... - todos em virtude da posição que ocupam. Outros tem poder em virtude de qualidades intrínsecas tais como, persuasão, beleza ou dons de liderança.
O poder é eticamente neutro, podendo ser utilizado para bons ou maus propósitos. Para alguns detentores do poder, não há outro fim que o poder em si mesmo. O puro prazer do domínio. Aprendemos a não admirar nem confiar nesse tipo de pessoa.
As modalidades de poder derivam de duas fontes principais: a posição na estrutura organizacional ou formal e os atributos da personalidade (poder pessoal).
Poder Organizacional
Diretamente relacionado ao posto ocupado pelo indivíduo dentro da estrutura hierárquica. É unidirecional, delegável, distribuível e é expresso em atividades.
Poder Pessoal
É exercido sob a forma de influência social, a partir de características pessoais carismáticas, de referência, de conhecimento, de apoio/afeto. E multidirecional, não distribuível, não delegável e é expresso em atitudes.
Liderança, poder e influência social são conceitos intimamente relacionados e sua compreensão exige uma teoria mais completa que mostre quais e como os fatores componentes de situações complexas se inter-relacionam. No entanto, o poder geralmente tem uma conotação negativa em nossa cultura, sendo essa uma das prováveis razões da negligência em seu estudo.
French e Raven (1959) indicam 5 bases de poder:
1) Poder Legítimo (autoridade) - o poder legítimo é chamado autoridade e é dado pela organização formal, constituindo-se em elemento da estrutura hierarquica dos grupos sociais formais. A relação chefe-subordinado é uma relação de poder inquestionável. O que se pode eventualmente questionar é a modalidade do exercício deste poder (mais ou menos autoritário).
2) Poder de Coerção - consiste na capacidade de aplicar punições ou fazer ameaças de punição, frequentemente associadas ao poder legítimo. Há, entretanto, instâncias deste tipo de poder desvinculado da autoridade. Ameaças de retirada de afeto, de reconhecimento ou consideração, censuras, afastamento, diminuição da atenção e de comunicação, constituem exemplos de poder de coerção nas relações interpessoais.
3) Poder de Recompensa - consiste na capacidade de atribuir recompensas ou acenar com elas sob forma de promessas, tambem amplamente ligado ao poder legítimo. Há também modalidade deste poder desvinculado da autoridade, como as recompensas afetivas expressas por promessas explícitas ou implícitas e atos físicos ou verbais, tais como elogios, sorrisos, abraços, aproximação, aumento de interação e comunicação.
4) Poder de Referência - expressa uma relação psicológica de identificação com um modelo social. A história tem mostrado figuras de líderes carismáticos nos âmbitos religiosos, social, político, artístico/cultural, cujo poder de referência determina profundas mudanças na sociedade humana.
5) Poder de Conhecimento (de perito) - é exercido através de uma ascendência num determinado campo ou assunto. É a influencia do especialista, do perito que os outros respeitam e cujas opiniões e diretivas são acatadas. Em cada campo da atividade humana este poder existe, é reconhecido e permite facilitação dos processos de aprendizagem e resolução de problemas para desempenho adequado.
Liderança
Suas atitudes determinam sua altitude.
Nos dias atuais, as pessoas não obedecem mais ordens, pelo menos não sem um bom motivo. A estabilidade de outros tempos se sustentava em um clima social diferente e num ambiente empresarial estável. Hoje, com o fim desta estabilidade, o desenvolvimento frenético do mercado de trabalho e a alta competitividade, surgem novos valores como a auto-estima, responsabilidade individual e a busca empresarial pelo crescimento dos seus colaboradores.
A cada ano, torna-se mais visível o interesse das empresas em valorizar os seus recursos humanos e ambiente de trabalho. O ser humano é a peça fundamental de qualquer projeto e organização. Cada individuo possui características, pensamentos e comportamentos únicos. É preciso conhecer e saber como tratar a individualidade de cada um dentro de um ambiente de diversidade e em constante transformação.
Ser líder e diferente de ser administrador, gerente ou chefe. Precisa possuir várias virtudes, entre elas: visão de futuro e do cenário a ser construído; trabalhar em equipe na construção da organização; estar instrumentalizado para conduzir o processo de mudança; ser criativo; assumir ambiguidades e conflitos; ter compromisso ético, saber ouvir e comunicar-se. Um verdadeiro líder deve saber conduzir a sua equipe, extrair o melhor de cada um, fazer com que ela voluntariamente faça o que precisa ser feito.
Ele deve reconhecer e estimular o potencial de cada indíviduo, deve saber ouvir - muitos problemas podem ser evitados por quem escuta com atenção, e ensinar, sem medo que seus ensinamentos possam ser uma ameaça a si próprios.
Um lider deve ainda ter argumentacoes persuasivas, compartilhar as responsabilidades e saber incentivar as pessoas, para que estas estejam sempre buscando novos conhecimentos e reforçando o potencial da organização. É nesta abordagem que encontramos as falhas mais comuns dentro das empresas.
Em geral, as pessoas exercem a liderança mais como chefes que como líderes. Elas se preocupam em dar ordens, a buscar o comprometimento da equipe através da participação de todos nas tomadas de decisões. Preocupam-se apenas em atingir os resultados, e se esquecem que para isso sua equipe deve querer atingí-los também.
Na maioria, encontramos tambem pessoas que não estão capacitadas a fazer parte da equipe, não tendo o conhecimento técnico mínimo necessário para desempenhar sua função.
Em todos estes casos, as pessoas que deveriam estar exercendo a liderança da forma correta, não conseguem, ou não querem ver que o grande problema está nelas mesmas, mas ao invés disto, preferem responsabilizar sua equipe pelo mau desempenho.
Até hoje nosso conhecimento sobre o tema liderança é amplo e ao mesmo tempo deficiente para uma compreensão completa e utilizável na prática. Muitas teorias tem sido elaboradas a partir de um foco de atenção ou abordagem predominante, existindo diversos estilos de liderança; porém, há quase que uma unanimidade quanto ao fato de que nenhum estilo é o melhor para todas as situações, pois diferentes situações de trabalho em grupo exigem diferentes estilos de liderança.
Não existe, portanto, fórmula ou receita infalível de estilo de liderança que funcione perfeitamente para qualquer grupo ou qualquer situação, a qualquer tempo, da mesma forma que não existe um “líder universal”, que sirva para tudo e seja eficaz em todas as situações.
Seja o que for liderança, não há dúvidas de que é essencial. No trabalho alguém tem que assumir a responsabilidade e estar preparado para agilizar as coisas. Isto não significa que o líder da equipe precise liderar tudo o tempo todo, ou mesmo que deva liderar a partir da frente. Lao-tzu, filósofo chinês do século VI a.C., dizia: “Para liderar o povo, caminhe atrás dele”. Líder é, sobretudo, aquele que influencia seus subordinados.
Durante muitos anos acreditou-se (e muita gente ate hoje acredita) que os líderes nascem prontos e que apenas esses poucos felizardos possuem todos os atributos necessários à liderança. Essa idéia é encarada cada vez mais como uma falácia.
Uma pesquisa recente de líderes, todos de níveis diferentes e de uma variedade de empresas industriais e comerciais, mostrou que todos eles possuíam cinco qualidades comuns:
1) Todos eram sociáveis, pois davam-se bem com as pessoas e gostavam de trabalhar com elas.
2) Todos eram entusiastas, pois mostravam-se alegres e empenhados em realizar seu trabalho da melhor maneira possível.
3) Todos tinham coragem moral, pois defendiam o que consideravam certo e não o que seria conveniente e moderno.
4) Todos davam exemplo, com seus próprios comportamentos, expressando claramente os padrões que esperavam e requeriam.
5) Todos exibiam integridade, sendo honestos consigo mesmos e com seu pessoal, não permitindo que eles mesmos ou os outros manipulassem ou pressionassem as pessoas.

Existe uma ampla variedade de estilos de liderança, desde o “Faca do meu modo”, até o “Faça do jeito que quiser”. Cada um de nós tem o seu estilo pessoal, com o qual nos sentimos bem e à vontade. Evidentemente faz sentido sermos adaptáveis, variando levemente o nosso estilo, dependendo das circunstâncias, sem adotar uma postura rígida; mas, por exemplo, tentarmos ser autocráticos, quando somos naturalmente democráticos, pode causar confusão para os membros da equipe e tensão para nós mesmos.
Um fator importante na liderança é a comunicação, que significa manter as pessoas informadas, dando e recebendo feedbacks adequados, explicando decisões políticas com franqueza e transparência. O líder tem um papel preponderante como comunicador, devendo expressar de forma clara as crenças e os valores do ambiente em que atua. É preciso que transmita uma direção firme, envolvendo a todos numa causa única e criando um clima de confiança que permita a troca de feedback, promovendo um clima de cooperaçãao em que a crítica é encarada como uma forma de crescimento interpessoal. A boa comunicação transmite mensagens claras, que concorrem para que as pessoas trabalhem produtivamente e de forma harmoniosa, sem incompreensões e interpretações equivocadas. Por isso, é preciso que o líder saiba lidar com situações em que é necessário o levantamento de informações adequadas e fidedignas para que possa tomar decisões acertadas.
Liderança não é, como querem alguns, uma expressão dos aspectos humanos de chefia, mas sim o estágio mais avançado do processo do controle social - a etapa mais evoluída da arte de dirigir.

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