quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Papéis Facilitadores

CÓDIGO

A vida de um grupo passa por várias fases e, em cada uma delas, os membros atuam de forma diferente. Dependendo do tipo de grupo (formal, informal, de trabalho, social, de treinamento, etc.) e da fase em que se encontra, haverá certas funções a serem executadas por seus componentes.
Mas qual o papel do facilitador?
Ele compreende os sentimentos do grupo, aceita-os e constrói a partir deles. Esta é uma das maneiras de garantir a legitimidade dos processos de intervenção em desenvolvimento social. Uma atitude de profundo compromisso e respeito se manifesta a partir da aceitação do outro como um indivíduo que tem o direito de ser e pensar diferente do próprio facilitador e de seus pares no grupo.
Num ambiente em que todos se sintam livres para falar e pensar de forma diferente, o grupo se desenvolve, e como coletivo, expressa suas vontades e desejos de realizar. Todos assim, se sentem autores da resposta formulada pelo grupo. Ou seja ele faz com que seja um ambiente que todos sejam ouvidos e certifica-se de que isto vem aconteça.
  • Encoraja todos a se escutarem num tom de liderança e respeito.
  • Ajuda o grupo a ter objetivos claros, controlar o tempo e organizar recursos.
  • Ele equilibra as necessidades individuais com as tarefas do grupo.
  • Com a evolução da cultura ele orienta as normas para os novos membros e encoraja os veteranos a enfrentar as questões trazidas pelos novos membros.
  • Checa periodicamente o desenvolvimento do grupo e em separado. Promove a liderança compartilhada, para que se assuma riscos e exerça novos papéis. E aprenda, a aceitar feedback construtivo uns dos outros.

Os traços de personalidade influenciam diretamente na maneira de agir de cada pessoa. As características de cada um é que determinam o tipo de papel que o indivíduo irá assumir nos mais variados grupos sociais dos quais faz parte. É comum em nossas vidas, muitas vezes somos obrigados a assumir esse ou aquele papel, agir dessa ou daquela forma.

"Nada é mais perigoso que falar e ter razão. É preciso idolatrar o silêncio e a dúvida." Todorov

O facilitador pode ajudar o grupo a compreender a complexidade dos processos em que está envolvido, construindo um ambiente de dúvida, ou de aparente ausência de resposta, o que torna o processo em oportunidade de aprendizado.
Alguns papéis podem ser observados de acordo com a postura que o facilitador assume em diferentes momentos. Ele pode ser aquele que aprende, aquele que ensina ou aquele que media os diferentes conhecimentos, colocando-se como um indivíduo atuante, ouvinte, como alguém que está prestes a aprender a partir da observação da experiência. Só então está na posição de poder interagir em um processo.
1- Facilitador Participante
Aqui o facilitador se coloca como aquele que se importa com aquilo que o grupo está vivenciando. O exercício mais difícil nesse momento é reconhecer o saber desse grupo, já que no grupo existe vivência diferente da dele. É uma compreensão empática, o que é mais do que simplesmente entender: é investigar a fundo, é realmente se colocar como pertencente a este momento e a esse grupo sem, no entanto, tomar para si a responsabilidade da resposta, da solução. Essas provêm da reflexão-ação-reflexão de todo o grupo. Fazer parte da solução é desenvolver empatia tamanha que o leve a compreender aquilo que vive no grupo, o modo como o outro percebe os acontecimentos e como expressa suas idéias e seus sentimentos.
2- Facilitador Aprendiz
Facilitar um processo é ter a capacidade de se colocar como parte dele, ou seja, não existe possibilidade de interagir em um processo se não nos reconhecermos como parte dele. O facilitador aprendiz é aquele que não traz as repostas prontas, mas prima pela troca de experiências, histórias, vivências e reflexões que cada um traz ao grupo. O papel de facilitador vai além daquele de ensinar: é mais do que transmitir conhecimentos. Ele não está fora do processo; ao contrário, se coloca, se enxerga, se dispõe como alguém que também está aprendendo com o processo. E com isso o facilitador-aprendiz reaprende a sua própria prática a cada encontro.
3- Facilitador Educador
“Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina.” Cora Coralina
O facilitador é um educador dentro do conceito construtivista: na verdade, mais que um papel, trata-se de uma postura. Uma de suas atribuições é ajudar o grupo a perceber e compreender os diferentes elementos que compõem o movimento do grupo. Para que as pessoas que participam de um processo de intervenção possam aprender é necessário que o profissional assuma uma postura de um facilitador do processo de aprendizado e não de um “professor” que simplesmente transfere o seu conhecimento. Essa prática estimula o grupo a buscar o autoconhecimento e a abrir-se ao conhecimento externo. Acredito na relevância do grupo identificar as suas qualidades e características individuais e coletivas, pois elas são a mola propulsora que dá vida à organização da qual faz parte. Não é aquele que concentra o saber. Ele reconhece que o saber está adormecido no grupo e atua como aquele que toca uma trombeta para acordar um exército, despertando o saber do grupo.
4- Facilitador-Mediador
O facilitador-mediador é aquele que estabelece pontes entre os saberes e vivências do grupo e os saberes externos, como as diferentes teorias e técnicas desenvolvidas pela humanidade. Ele aproveita e aproxima as histórias e experiências de outros grupos, por diversos meios como os estudos de caso, tornando-se um catalisador de idéias e ajudando o grupo a tecer e a ampliar a sua rede de conhecimento.

A PRIORIDADE DO PROCESSO
A facilitação de processos de desenvolvimento deve prezar prioritariamente as qualidades das relações interpessoais e pela promoção da confiança mútua entre o profissional e o grupo. Por isso, o facilitador é um elemento fundamental para garantir a coesão do grupo e do processo que está conduzindo. Nesse sentido, o facilitador é aquele que ajuda o grupo a enxergar o movimento que permeia o processo, a perceber o fio condutor da situação. Ele, então, se assemelha àquele que prepara uma mesa e convida cada participante a trazer seus saberes e sabores para que, juntos, componham um banquete. Nessa mesa nesse momento, todos os pratos são pratos principais e merecem ser degustados com prazer, coletivamente.

CONCLUINDO
Ser facilitador de processos de desenvolvimento é mais do que ser alguém em que se percebe uma soma aleatória de qualidades e habilidades. Tornar-se um facilitador requer o exercício contínuo e consciente de conciliação dessas diferentes qualidades e a coragem de reconhecer e superar as próprias limitações. Exige que se articule coerência, eficiência e gentileza, sem o que é pouco provável que se dê conta da complexidade envolvida em qualquer processo de desenvolvimento individual (inclusive o do próprio facilitador) e do grupo. O facilitador estará desempenhando em profundidade o seu papel ao promover a aproximação dos envolvidos, a redução dos ruídos na comunicação, a clarificação das idéias e a diminuição das ambigüidades. Com isso é potencializado o que há de mais profundo nos seres humanos: os sentimentos e desejos, tornados propulsores de ações concretas para mudança e transformação social.

Abaixo, tópicos de papeis que as pessoas podem assumir e os topicos que as caracterizam: Nível de Tarefa
1) Instrutor/Demonstrador - mostra como algo e feito, explicando conceitos, apresentando exemplos, gráficos, etc.
2) Especialista - oferece conhecimentos especializados, relata descobertas de pesquisa e inovações.
3) Orientador - ouve cuidadosamente e utiliza abordagens não diretivas para ajudar o grupo a pensar e resolver seus problemas.
4) Conselheiro - mais diretivo, sugere alternativas sobre o que pode ser feito e como fazê-lo; indicações, procedimentos, etc.
5) Observador/Confrontador - registra processos, comportamentos e eventos e dá feedback usando episódios, incidentes e casos que podem ser confrontados pelos participantes.
6) Pesquisador / Indicador - elabora modelos para coleta de dados, recomenda fontes ou pessoas para pesquisa, identifica as informações necessárias para o grupo, etc.
7) Elemento de Ligação - elabora procedimentos de conexão entre pessoas e recursos.
8) Planejador - determina metas e objetivos; a sequência das atividades e as estratégias de ação.
9) Gerente - determina o fluxo sistemático de eventos; dirige e controla fluxo de recursos; aplica modelos de avaliação de necessidades e planejamento.
10) Diagnosticador - observa e usa técnicas de campo para determinar porque as coisas acontecem da forma que acontecem.
11) Avaliador - determina resultados comportamentais específicos, elabora referências de critérios.
Nível Sócio-emocional
1) Conciliador - busca um denominador comum. Quando em conflito aceita rever sua posiçãao, a fim de acompanhar o grupo, evitando impasses.
2) Mediador - resolve as divergências entre os outros membros; alivia as tensões nos momentos mais difíceis.
3) Animador - demonstra afeto e solidariedade aos outros membros do grupo, bem como compreensão e aceitação de outros pontos de vista, idéias e sugestões, concordando, recomendando e elogiando as contribuições dos outros.
4) Ouvinte Interessado - acompanha atentamente, ouve e apoia as decisões do grupo.
Papéis não-construtivos
- O dominador
- O dependente
- O criador de Obstaculos
- O agressivo
- O vaidoso
- O reivindicador
- O confessante
- O gozador
A classificação de papéis no grupo em construtivos e não-construtivos, não pode ser rigidamente aplicada. Um papel desempenhado por um membro não pode ser julgado em termos absolutos, pois a interação não se faz no vácuo. Um papel facilitará ou inibirá as atividades e o desenvolvimento do grupo, sendo, portanto, considerado construtivo ou não-construtivo, a depender das necessidades do grupo e de seus membros naquela ocasião específica.
Haverá ocasioes na vida do grupo, em que a descoberta e eclosão dos conflitos latentes, para posterior tentativa e possibilidade de resolução dos mesmos sejam altamente desejáveis. Nestas ocasiões, os comportamentos de conciliação seriam inibidores do desenvolvimento do grupo e, por conseguinte, papéis não-construtivos nestas circunstâncias.
A competência interpessoal dos membros do grupo é desenvolvida a medida que eles se conscientizam da variedade de papéis exigidos para o desempenho global do grupo e se sensibilizam para o que e mais apropriado as necessidades existenciais do mesmo e de seus membros num determinado momento da vida do grupo.

"O maior elogio para um facilitador, por fim, seria a não ser necessário, pois seu grupo aprende constantemente reciclando-se e é independente."

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