CÓDIGO
Roteiro de entrevista
Sem dúvida, a elaboração do roteiro de entrevista é muito importante para a eficácia da entrevista de seleção. É preciso que a entrevista seja planejada, e a elaboração do roteiro faz parte deste planejamento.
Ao elaborar seu roteiro de entrevista, tenha em mente que as questões devem englobar todos os aspectos da vida do profissional entrevistado que você precisa investigar ou confirmar dados, de forma que os objetivos da entrevista sejam atingidos.
Uma sugestão para elaborar o roteiro é iniciar a entrevista com as questões relativas ao aspecto profissional, pedindo para que o candidato fale sobre sua experiência profissional, seus empregos anteriores, as empresas em que já trabalhou, o relacionamento com colegas e superiores de trabalho, horários de trabalho, os motivos do desligamento, ou os motivos que o levam a querer se desligar da empresa (no caso de estar trabalhando), as atividades em que teve sucesso, e a opinião dele sobre o trabalho que faz.
Com relação aos aspectos pessoais, normalmente se questiona de forma a obter informações acerca da família, renda familiar, distância entre a residência e a empresa, tipo de moradia, e como as despesas são divididas entre os membros da família.
Já os aspectos educacionais envolvem questões que remetem ao nível de escolaridade, se estuda no momento, qual o horário de estudo, as pretensões futuras acerca da educação e o nível de conhecimento de informática.
Outras questões também podem ser feitas, como as relacionadas a atividades de lazer, qualidades e defeitos pessoais que acredita ter, projetos de vida, o motivo que faz com que queira trabalhar na empresa e onde acha que pode contribuir com a empresa.
Na finalização da entrevista, o selecionador deve falar sobre as informações sobre o cargo, as atribuições da função, as responsabilidades, os aspectos possíveis que possam facilitar a execução do trabalho pelo candidato e aspectos que possam dificultar.
Também deve perguntar se existe alguma dúvida e abrir espaço para que o candidato possa falar de algo que considere importante e não tenha sido questionado.
Postura do Entrevistador
Quando o selecionador já tem um roteiro de entrevista de seleção, já pode começar as entrevistas com os candidatos. Para isso, é bom colocar-se no lugar do candidato (tenha empatia) e lembrar que ele deve estar ansioso com a entrevista de emprego.
O entrevistador deve ter uma postura de acolhimento e se identificar, falando sua função na empresa, seu objetivo ali, o nome do cargo para a vaga que está selecionando e que, para isso, precisa obter informações a respeito do candidato por meio do currículo e de uma conversa.
Também é útil Informar que, durante a entrevista, irá fazer algumas anotações para não esquecer do que o candidato irá falar.
Evite perguntar o que pode ser respondido com: "sim" ou "não". Faça questões abertas que levem o candidato a falar. Afinal, quem quer ouvir e buscar informações é o entrevistador e não o candidato.
Exercício Prático
Treine a entrevista com um colega de classe. Escolham quem será o entrevistador e quem será o entrevistado. Façam a entrevista e depois troquem de papéis.
Avalie se o seu roteiro precisa de algumas adequações ou melhorias. Converse com outros colegas de turma sobre o roteiro que fizeram e troquem experiências.
Após a realização da entrevista de seleção, e com o encerramento do processo seletivo, é importante dar a devolução para os candidatos.
A forma como a devolutiva será feita depende de cada organização. Algumas optam por mandar correspondência padronizada, outras optam pelo telefone ou e-mail, informando o encerramento do processo. Contudo, muitas empresas acabam por não fazer esta devolução alegando excesso de trabalho ou qualquer outro motivo.
Seja empático neste momento e pense que se é difícil falar para uma pessoa que ela não foi aprovada num processo seletivo, é mais difícil para o candidato ficar aguardando uma resposta que nunca chega.
Para finalizarmos esta aula, vamos falar sobre as discriminações e os preconceitos que podem estar presentes na entrevista de seleção.
Preconceitos e Discriminações no Processo de Seleção
Os preconceitos das pessoas envolvidas no processo seletivo podem interferir e levar à não eficácia do recrutamento e da seleção de pessoal. Por isso, o profissional de RH deve se preocupar em não realizar discriminações durante o processo seletivo, uma vez que este tipo de atitude interfere tanto na seleção quanto colabora com a perpetuação da discriminação e do preconceito na sociedade.
O processo seletivo envolve a subjetividade do selecionador e é preciso tomar alguns cuidados para que não exerça influência pessoal na seleção, discriminando candidatos a partir de seus preconceitos pessoais.
No Brasil existe legislação que pune a discriminação no processo seletivo. O selecionador precisa conhecer esta lei para não cometer erros que podem trazer consequências tanto para o candidato quanto para a organização. Lei nº 9.799, de 26 de maio de 1999 na íntegra:
Lodi (1993) lista uma série de preconceitos que eventualmente podem ocorrer durante a entrevista de seleção. Segundo ele, o preconceito pode aparecer quando o selecionador baseia-se em opiniões particulares durante a entrevista, julgando o candidato a partir de sua opinião.
Uma outra forma de preconceito é quando o entrevistador se deixa levar pela influência que o candidato exerce em seu meio.
Também pode ocorrer preconceito quando o selecionador demonstra certa preferência por um tipo de pessoa (normalmente pessoas com quem se identifique), ou por preconceitos de raça, sexo, religião e política.
Define outro preconceito existente quando o selecionador toma as características do profissional ideal para exercer a função de forma isolada, retirando-o do contexto.
Fixar-se no pensamento que a experiência anterior é a melhor garantia da pessoa ter habilidade para desempenhar a função no futuro também é um dos preconceitos do entrevistador.
Outro tipo de preconceito definido pelo autor é o pensamento que há um estereótipo de pessoa para cada função a ser desempenhada.
Como se pode notar, o preconceito pode existir de diferentes formas no processo seletivo da organização e ocasionar discriminação no trabalho.
Por exemplo, um preconceito que até poucos anos atrás existia (e em alguns lugares ainda existe) era que a função de motorista de ônibus e de caminhão só poderia ser exercida por homens. Assim, havia um preconceito de que as mulheres não poderiam exercer a função com eficácia.
Hoje isto está mudando e algumas empresas, além de contratarem mulheres para cargos que antigamente eram tidos como exclusivos de homens, também não fazem discriminação salarial entre eles.
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